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Piscinas naturais, dunas entre vilarejos e rio que parece mar pelo litoral potiguar

Bons ventos do norte

Bem ali, onde o mapa do Brasil faz a curva, encontramos um nordeste que a gente custa a acreditar que existe. Tem piscina natural no meio do oceano, dunas que escondem vilarejos isolados e rio que parece mar.

Seja qual for a sua direção pelo Rio Grande do Norte, a geografia sempre vai ter uma praia (ainda) desconhecida, falésias que se debruçam sobre faixas de areia escondidas e mangues que fazem a gente lembrar que o estado potiguar também vai além das águas de tons cristalinos.

Com quase 400 quilômetros de litoral, é tarefa injusta escolher o melhor endereço para estender a canga. Mas Natal certamente será a sua primeira parada. A capital do estado tem uma certa mania de grandeza: além de 300 dias de sol por ano, é dona do maior cajueiro do mundo e de um dos maiores parques florestais urbanos do Brasil, o Parque das Dunas.

avianca02Sob temperaturas que variam de 23 a 29 graus, o turismo se esconde detrás de resorts e estabelecimentos hoteleiros instalados na Via Costeira, estrada que liga a popular Ponta Negra às praias urbanas do centro. E, se a orla mais urbana não convida, a cidade é base para quem parte em passeios de um dia por destinos próximos à capital.

É como fazer turismo do lado de casa. Afinal de contas, os melhores endereços pé na areia desse estado nordestino não estão a mais de 170 quilômetros de distância da capital potiguar. Para ficar ali perto, a 20 quilômetros ao sul de Natal, Parnamirim ainda tem ar de cidade, mas dá uma prévia do que o litoral reserva. O nome do município significa “rio volumoso pequeno”, em tupi, mas sua atração mais famosa tem dimensões exageradas.

Conhecido como o maior do mundo, o cajueiro de Pirangi é uma árvore centenária de dez mil m² que pode ser visitada em um mirante sobre a copa e em passarelas de madeira entre o emaranhado de galhos e raízes. Só para ter uma ideia do seu tamanho, o cajueiro chega a produzir 80 mil cajus durante a safra, que vai de novembro a janeiro. Pirangi é famosa também pelas piscinas naturais de águas cristalinas formadas pelos recifes que surgem na baixa da maré, a poucos metros da praia, conhecidas como Parrachos de Pirangi.

VENTOS DO NORTE

Mas é ao norte da capital que você encontra o cobiçado cenário nordestino das praias de tons exagerados e das águas rasas de temperaturas amenas. A 60 quilômetros de Natal fica o município de Maxaranguape. Pode chamar de Caribe ou de paraíso, mas por ali a sua parada seguinte é a pequena comunidade de Maracajaú, onde está o conjunto de 13 quilômetros quadrados de corais, a sete quilômetros da costa, que se deixam ser vistos na maré baixa.

avianca01Chamadas de Parrachos de Maracajaú, as piscinas naturais são acessadas em catamarãs que saem da praia e contam com atividades extras, como mergulho com cilindro para não credenciados, precedido de um breve treinamento sobre a operação e o uso dos equipamentos. As colinas de areia do lado oposto ao mar também podem ser exploradas em passeios guiados com quadriciclos. Dá para combinar piscinas naturais e dunas em um mesmo dia – e ainda sobra tempo para jantar em Natal.

A região é um dos 17 municípios que formam o Polo Turístico Costa das Dunas, uma faixa litorânea com 210 quilômetros de extensão que vai de Baía Formosa, no extremo sul do estado, até Pedra Grande, logo depois que o Brasil faz a curva, em São Miguel do Gostoso. Mas é rumo ao norte que os ventos parecem trazer outros ares, sobretudo para os esportistas.

Localizado bem no “cotovelo” do Brasil no mapa, São Miguel do Gostoso é território dos praticantes de wind e kitesurfe. Considerado um dos melhores locais do planeta para a prática  desses esportes, o destino a 100 quilômetros de Natal tem aulas que acontecem nas areias, na temporada que vai de setembro a março, quando o vento é mais constante.

Seu nome bem que poderia ser uma referência ao vento forte que refresca os dias mais quentes, mas diz a lenda local que a origem vem da época que ‘Seu’ Miguel encantava forasteiros com sua inconfundível (e gostosa) risada, depois de cada ‘causo’ contado debaixo do cajueiro. O hábito pegou e a cidade-praia ganhou seu nome oficial.

Gostoso mesmo é o canto de Tourinhos, praia em uma pequena baía que ganhou fama com finais de tarde escandalosos, daqueles que entram fácil para qualquer lista dos melhores entardeceres do Brasil. O lado direito, em direção ao sul, dá acesso às impressionantes dunas petrificadas de Tourinhos, com mais de 2.500 anos.

avianca04Mas o melhor do Rio Grande do Norte fica mais adiante, onde dunas abrigam lagoas e o rio pensa que é mar. Galinhos fica a 170 quilômetros de Natal, em uma península entre o rio Aratuá e o mar que abriga o povoado de pouco mais de dois mil habitantes. Há quem visite o vilarejo rústico de pescadores em passeios de um dia a partir da capital, mas o destino não é daqueles lugares para se chegar com pressa.

Falésias, dunas e praias a perder de vista. Tudo por ali poderia ser igual ao que já vimos pelo litoral do Rio Grande do Norte. Poderia, mas não é. As charretes ainda são o transporte mais popular, e o acesso é apenas em barcos que saem do porto de Pratagil, onde fica o estacionamento que guarda os carros de quem chega motorizado a Galinhos.

O roteiro nesse setor isolado do estado inclui viagens em bugues, flutuação em lagoas que se escondem entre dunas de areia, passeios em charretes até o Farol de Galinhos e visita aos  montes de sal que despontam no horizonte, cuja produção salina dá nome à região, conhecida como Polo Costa Branca e de onde sai boa parte do sal consumido no Brasil.

A três quilômetros dali, entre o rio e o mar, fica Galos, um distrito de apenas 400 habitantes, cujo nome é uma referência ao peixe-galo, encontrado na região. E tudo por ali parece como sempre: as ruas ainda são de areia e a televisão é comunitária. É tudo tão diferente do que se costuma ver no Nordeste que no mangue tem até tubarão.

A experiência mais original por ali é o passeio nos barcos de madeira do Júnior Tubarão, um roteiro gastronômico por mangues e braços de mar que inclui observação das belas garças azuis e cata de ostras, feita pelo próprio Tubarão e usadas nas refeições que ele prepara a bordo, em algumas das praias isoladas da região. E, depois de tudo isso, a gente custa mesmo a acreditar no que vê.

Fonte: Avianca em Revista

Publicado em 16 de outubro de 2017
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