Após período de recessão e constantes dificuldades em virtude da pandemia de coronavírus, o setor de hotelaria do Rio Grande do Norte já volta à curva de crescimento no período pré-pandêmico. É o que analisa o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hoteis do Rio Grande do Norte (ABIH-RN), Abdon Gosson. Ele aponta que a alta estação de 2023 pode ter um crescimento de até 20% e que essa ascensão já era esperada pelo setor. “As pessoas continuam querendo sair de casa, viajar, tem pessoas que não saíram ainda desde a época da pandemia. É um mercado que estava retraído e está super aquecido agora. Isso não está acontecendo no Brasil e no Nordeste, é no mundo inteiro”, aponta Abdon Gosson, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE.
Gosson, que também é diretor do Best Western Majestic, comemora a entrada do seu hotel no portfólio no WorldHotelsTM Collection, no Brasil, com padrão ouro em hotelaria e hospitalidade global. “Para o turismo do RN isso é excepcionalmente bom, isto é, nosso destino tem um hotel de alto luxo”, disse. Nesta entrevista à TN, o representante do trade turístico do RN analisa o atual momento do setor, perspectivas para o turismo em 2023, com a relicitação do Aeroporto Aluízio Alves e a possibilidade do início das obras da engorda da Praia de Ponta Negra.
Confira a entrevista.
O Hotel Majestic entrou no portfólio no WorldHotelsTM Collection, no Brasil, com padrão ouro em hotelaria e hospitalidade global. O que isso significa para o hotel e para o turismo potiguar?
O hotel chegou num nível tão alto na sua oferta de serviços de luxo para aqueles clientes mais exigentes que fomos convidados a entrar nessa cadeia de hotéis. É uma exclusivíssima cadeia de hotel, que tem apenas 250 hotéis no mundo e só entra nessa cadeia se forem hotéis cinco estrelas de alto luxo com um alto grau de exigência em termos de serviço como o nosso. Então para nós é um motivo de extrema alegria, para a empresa, para os seus colaboradores, sabemos o nível que a gente está oferecendo Obviamente a empresa vai melhorar o seu faturamento porque ela está se tornando um produto cada vez mais exclusivo, e quanto mais exclusivo precisa ter um preço diferenciado. E para o turismo do Rio Grande do Norte, para o nosso destino, é excepcionalmente bom, ou seja o nosso destino tem um hotel de alto luxo, numa das cadeias de alto luxo mais exclusivas do mundo. Então aquele viajante que ficou num hotel em Hong Kong da World Hotels, ele vai procurar e vai ver que pelo menos em Natal já tem, o único do Nordeste e o único do Brasil, hoje. A própria marca exige não podemos praticar a diária aqui, por exemplo está se praticando hoje, então naturalmente vai haver um incremento aí de 20 a 30% na diária média da empresa. Agora obviamente vamos ter um incremento de 30 a 40%, mas também já está havendo um investimento muito alto em outros serviços, que torna a diária o custo mais alto da empresa.
O que temos de perspectivas de ocupação para este fim de ano e para essa alta estação?
Os dois melhores períodos do ano são as férias, julho e janeiro. Julho esse ano foi bom. Agosto já é média estação e foi melhor do julho. Setembro, foi melhor do que foi agosto e outubro foi melhor do que setembro. Novembro já está quase terminando e já sabe que será melhor do que Outubro e dezembro será muito bom, significa dizer que janeiro vai ser muito bom. Tem toda uma expectativa de ser muito bom. A gente espera aí um crescimento em torno de 15%. Vamos torcer para que chegue uns 20% comparando com janeiro de 2022.
A quê o senhor credita esse crescimento exponencial?
Já era esperado isso desde a época da pandemia: quando voltar a normalidade o ano de 2021 será de recuperação, 2022 vai continuar recuperando e 2023 vai ser de plena ascendência e 2024 não é que vai cair, mas provavelmente volte a normalidade. As pessoas continuam querendo sair de casa, viajar, tem pessoas que não saíram ainda desde a época da pandemia. É um mercado que estava retraído e está super aquecido agora. Isso não está acontecendo no Brasil e no Nordeste, é no mundo inteiro. Os voos estão 100% lotados, qualquer voo que chega de fora do Brasil, dos Estados Unidos tudo lotado entupido, os preços absurdamente altos, as companhias aéreas estão explorando porque a procura está muito maior do que o que eles têm para oferecer.
A hotelaria já recuperou o desempenho do pré-pandemia? Precisamos melhorar a divulgação no RN?
Já recuperamos 100% e estamos contratando. O desafio não é mais recuperar, é manter esse crescimento. É um desafio grande, porque tem que ser feito um trabalho de base, junto a hotelaria com os outros setores de turismo, o Governo do Estado e as prefeituras dos destinos turísticos pra podermos levar o nosso destino ao todos os lugares a nível de Brasil e internacional. Precisamos fazer um trabalho de divulgação. Por exemplo: Uberlândia vende muito aqui. Então vamos bater lá, reunir os agentes de viagem, fazer um treinamento com eles, mostrar o que é Natal, Pipa, Gostoso, Galinhos, a a comida, como é um passeio de buggy, quanto tempo gasta, quantos dias no mínimo para ficar em Natal, etc. O poder público tem também feito a sua parte, o que acontece é que o trabalho de divulgação e de capacitação é infinito, não existe limite para isso. O Governo do Estado e Prefeitura têm feito sua parte com relação a isso através da Emprotur, mas nunca é suficiente para nenhum destino. Não estou reclamando, eu estou dizendo a realidade. O máximo que investir ainda é pouco, porque precisamos atrair viajantes do Brasil, de toda América do Sul. O americano, o canadense, o inglês não chega aqui. Precisa de muito trabalho. Precisamos que não só os governantes, como nossos políticos a nível de Senado, deputados federais, estaduais e vereadores saibam e priorizem o turismo. A maior indústria geradora de empregos do Rio Grande do Norte é o turismo.
Como avalia o atual momento aéreo aqui do nosso Estado? Temos a questão das passagens aéreas, a relicitação do Aeroporto Aluízio Alves…
O desafio número um são as passagens aéreas, as mais caras do Brasil são para Natal. O turista muitas vezes quer vir com sua família, fazer turismo no RN e quase sempre milhares de turistas, não conseguem vir porque as passagens são muito caras e preferem ir para o Ceará, Paraíba, Pernambuco. Isso é um empecilho terrível e isso é um trabalho que já vem de vários governos. Já fomos às campanhas aéreas e nós não queremos que as passagens aérea para Natal sejam as mais baratas, mas que seja um preço competitivo. Digo e afirmo: Natal é a única cidade do Nordeste que tem dois aeroportos: o de Natal e o de João Pessoa. Isso não existe O natalense está acostumado se a passagem está muito cara ele vai para João Pessoa ou para Recife. No meu pensamento, precisa ser feito um trabalho político, precisamos juntar nossos representantes no Congresso Nacional junto aos governos e fazermos um trabalho de peso politicamente falando junto a essas companhias aéreas, porque o que foi feito até hoje não se conseguiu nada. E temos um equipamento novo que está sendo deteriorado e se acabando. E o portão de entrada de qualquer destino turístico é seu aeroporto. Então precisamos urgentemente fazer essa relicitação do aeroporto. A administração do aeroporto praticamente quase não tem um termo de manutenção, é um equipamento que está se acabando sim e isso é muito feio para imagem de um destino turístico, é preocupante.
Temos previsão de investimentos para a área de hotéis para 2023 no Estado?
Muitos investimentos colocaram um pé na frente e dois atrás nesse momento aí de incerteza do que será esse próximo governo junto a economia. Digo porque tenho falado com vários. Ninguém sabe quem vai ser o ministro, quais são as atitudes que vai tomar a nível de leis trabalhistas, o que é que o governo vai tomar a nível de carga tributária que vai aumentar, então no Brasil, não é só aqui no Rio Grande do Norte, dezenas de projetos que não estão parados, mas estão esperando ver o que vai acontecer, como é que a coisa vai se comportar. Obviamente que se a economia continuar crescendo, dando seus sinais bons, lógico que o empresário se anima imediatamente para continuar fazendo seus investimentos. Mas, se houver ao qualquer atitude por parte do governo que prejudique o setor, ele obviamente vai recuar.
Temos perspectiva boa para 2023 com a engorda de Ponta Negra. O que isso pode impactar no nosso turismo?
Ponta Negra vem sendo completamente abandonada e esquecida pelo Poder Público e ainda continua. Esse bairro era para ser lindo. Os canteiros das ruas aqui quebrados, o mato quando chega quase no meio da perna da gente é que mandam limpar. Isso é um desrespeito ao turista que chega aqui com seu dinheiro por livre espontânea vontade deixar para o sustento da nossa economia, para gerar emprego. O nosso visitante, quando a gente recebe, onde é? Numa sala de visita. Deveria ser o melhor lugar da casa, pelo menos aparentemente. Qual é a sala de visita do turismo da cidade de Natal? Ponta Negra. Como é que está o estado de conservação de respeito: um calçadão sujo, abandonado, quebrado motoqueiros passando por lá, tráfico de drogas, ambulantes que lhe incomodam, lhe importunam 24 horas, centenas, se não for milhares de pessoas vendendo. Barraqueiros com barracas totalmente fora de padrão, não tem um banheiro limpo, é um desrespeito total aqueles que chegam aqui. Precisamos com a engorda, espera-se que haja uma reestruturação da nossa praia de Ponta Negra que é o cartão postal, as pessoas vêm aqui mais para sol e mar. Que haja uma organização do barraqueiro, do ambulante do calçadão, uma boa iluminação, e que volte a ser um ambiente respeitoso aqueles que aqui chegam. Pode ver que a prefeitura do Natal fez a Avenida Praia de Ponta Negra, o empresário está chegando sozinho. Fez calçamento, botou os postes bonitinho, pintou organizou, e o turista ama, adora circular ali. Isso é respeito aqueles que aqui chegam.
Tribuna do Norte