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Obras em Ponta Negra vão devolver protagonismo para Natal, diz ABIH

Entidades do setor do turismo e da construção civil defendem a execução da obra de engorda da orla da praia de Ponta Negra, na zona Sul de Natal. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RN), Abdon Gosson, obras de grande porte como essa são necessárias para que Natal recupere o protagonismo entre as cidades da região Nordeste. A ampliação da faixa de areia da praia de Ponta Negra será tema de audiência pública nesta quinta-feira (17), no Hotel PraiaMar, zona Sul de Natal, às 9h. A discussão é uma etapa necessária para o andamento do projeto, que inclui ainda projetos de drenagem e já tem recursos garantidos da ordem de R$ 75 milhões. A primeira etapa, que é o enrocamento, terá o canteiro de obras, atualmente em fase instalação, pronto até a próxima semana.

“Você não leva a sua família para lá hoje. O lugar só é bom para o turista quando ele é bom para nós cidadãos, então quando nós pudermos exatamente humanizar aquilo ali, que é essa palavra de ordem, aí sim nós poderemos fazer com que o turismo dê continuidade, cresça e retome a sua posição que sempre tivemos, de protagonista no Nordeste. Hoje, o turismo aqui em Natal está se espelhando em João Pessoa. João Pessoa não existia no turismo do Nordeste. Se falava Natal e pulava-se para Recife”, declarou Abdon Gosson.


A audiência pública vai contar com a participação de técnicos e engenheiros da empresa paulista Tetratech, responsável pela elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (Rima). Os estudos serão apresentados durante a audiência pública.  Entidades representativas de Ponta Negra, ligadas a trabalhadores, barraqueiros e pessoas impactadas pela obra, deverão participar da discussão. A expectativa é de que representantes do trade turístico de Natal também participem das discussões.


A referência de que “se está bom para a população, está bom para o turista” também foi destacada pelo presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares do Rio Grande do Norte (SHRBS), Habib Chalita. Para ele, a obra de engorda da orla vai gerar benefícios econômicos, empregos para a população e maior arrecadação do poder público.
A orla como se tem hoje é praticamente engolida pela água quando o mar enche, dificultando a presença de banhistas e frequentadores da praia. Mesmo com isso, Habib Chalita se impressiona com a beleza de Ponta Negra e vislumbra o potencial que a praia teria se a obra estivesse realizada.


“Depois do aterro, o mar quando estiver seco nós teremos 100 metros de faixa de areia. Quando cheio, ainda teremos 30 metros na praia para que a gente possa usufruir muito mais, gerar renda e gerar benefícios. Todo mundo sai ganhando, a população, turista e o município saem ganhando. Então é um tripé econômico muito forte”, afirmou o presidente do SHRBS.


O alargamento da faixa de areia também vai proteger o calçadão da praia que é atingido com o avanço do mar e, por vezes, cedeu. Além de provocar riscos aos banhistas, o deslizamento também demanda serviços frequentes para adequação de áreas afetadas pelo avanço das águas. Esses são argumentos utilizados pela presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Norte, Ana Adalgisa.


A engenheira destaca a importância da obra, mas ressalva a necessidade de um projeto urbano que a acompanhe. “Acredito que essa obra vai trazer mais desenvolvimento para região, agora é importante que ela venha acompanhado não só do aumento da faixa de areia, mas também de um projeto Urbano para toda a praia para que a gente possa ter uma Ponta Negra de todos, com estacionamento, com lazer, com esporte. Não adianta ter uma faixa enorme sem ter o planejamento dela. Há uma necessidade de ter uma revitalização, um plano de uso”, pontuou a presidente do Crea-RN.


Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RN), Sílvio Bezerra, a engorda de Ponta Negra é uma obra de engenharia interessante devido à técnica utilizada – de dragagem de areia do fundo do mar para a superfície. Do ponto de vista pessoal, o aumento da faixa de areia vai resgatar elementos da infância, de uma Natal do passado que deixa saudades.


“Eu acho que vai ser bom porque a praia vai ficar mais bonita, bem mais frequentada como já foi no passado. Quando eu era mais novo, adolescente de 18 anos, eu frequentava Ponta Negra e ali havia uma faixa de areia grande, onde havia as barracas, a gente podia tomar uma cerveja e comer um caranguejo. Hoje em dia já não dá, a maré enche, tem umas pedras onde residem ratos. O investimento é muito bem-vindo e acho que vai ser muito útil ao turismo. A cidade vai ficar mais bonita”, relatou Sílvio Bezerra.


Audiência

Por ser um projeto com mudanças estruturais em um grande trecho do meio ambiente, a legislação ambiental, através da Resolução Conama n.09/1987, estabelece a audiência pública de modo que a população possa entender os impactos do projeto, tirar dúvidas e apresentar eventuais sugestões a serem analisadas pelo empreendedor da obra, no caso, a Prefeitura do Natal.


“Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado pôr entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos, o Órgão do Meio Ambiente promoverá a realização de Audiência Pública. O Órgão de Meio Ambiente, a partir da data do recebimento do RIMA, fixará em edital e anunciará pela imprensa local a abertura do prazo que será no mínimo de 45 dias para solicitação de audiência pública. No caso de haver solicitação de audiência pública e na hipótese do Órgão Estadual não realizá-la, a licença não terá validade”, diz trecho da resolução.


“Estamos instalando na Via Costeira o canteiro de obras para iniciar as atividades de enrocamento, que é a primeira etapa da engorda da praia de Ponta Negra. Essa grande obra de R$ 95 milhões será um marco para o turismo da capital e fundamental também para proteger o nosso calçadão que está avariado pelo avanço do mar. Iremos aumentar em 50 metros a faixa de areia na maré cheia e 100 metros a mais na maré seca, tornando a praia mais agradável para os banhistas”, explicou o prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB). 


“Temos dimensão do quão importante é para Natal a realização desta obra. Daremos total transparência no processo de licenciamento ambiental, para tanto disponibilizamos os documentos à população e faremos a audiência, sendo uma oportunidade para que as pessoas conheçam os estudos do processo de Engorda da praia e possam fazer seus questionamentos e dar suas contribuições”, disse o diretor-geral do Idema, Leon Aguiar. 


Canteiro de obras começa a ser instalado

A instalação do canteiro de obras do enrocamento deve ser finalizada nos próximos dias, segundo funcionários que trabalham na viabilização do espaço para começar a produzir o enrocamento. 


A reportagem visitou nesta quarta-feira (16) o espaço onde será o canteiro de obras. Segundo o encarregado do espaço, Cláudio Nascimento, os blocos serão feitos no próprio canteiro de obras e transportados para a areia da praia por meio de pranchas de carretas, numa ladeira viabilizada por máquinas retroescavadeiras. A expectativa é colocar 15 blocos por dia na maré seca. Os trabalhos se estenderão durante à noite.


A obra prevê a implantação de estruturas de contenção de encosta e de estabilização da linha de costa na orla, abrangendo uma área total de 390,86 metros quadrados. 


O enrocamento é necessário em decorrência da erosão costeira na orla de Ponta Negra, no trecho de 2 km de extensão, constituídas de blocos de concreto pré-moldados.  Cada bloco pesará 2.600kg, somando cerca de 58 mil blocos, ao todo. As atividades são executadas pela empresa  Edcon Engenharia LTDA.  Nessa etapa do enrocamento, serão investidos R$ 23,5 milhões. O canteiro de obras não pode atrapalhar nem intervir na passagem de pedestres e banhistas de acesso à praia.

Tribuna do Norte

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